18 de fevereiro de 2010

Aya e David Lynch

Fomos desta vez experimentar o Aya, um restaurante japonês nas Twin Towers em Lisboa (perto do comboio de Sete Rios, Hotel Corinthia Alfa, enfim... ali na zona).

O restaurante está dividido em duas partes:
  • No piso 0, a parte mais "japonesa" do restaurante, com duas salas privadas, mesas normais, e à la carte. É também o mais caro. Pelo que me disseram, existem algumas entradas que vão para os 20€...
  • No piso -1, o restaurante de "tapete", ou "sushi de comboio". Esta parte é mais acessível ao bolso do comum português. Foi a este que fomos comer.

A primeira coisa que me chamou à atenção, foi o preço. Ou melhor, o cálculo do valor a pagar.
Em todos os outros restaurantes japoneses de tapete a que tinha ido, o preço era fixo, só se pagavam as bebidas à parte.
O Aya apresenta uma metodologia diferente: os diferentes tipos de sushi são colocados em pratos diferentes, e de acordo com a cor do prato, assim é o preço desse prato. No fim, soma-se tudo.
Diga-se que não gostei muito deste método, porque, quer se queira quer não, está-se sempre a fazer contas de cabeça, e a comer os pratos mais baratos para depois no fim se cometer uma ou outra extravagância mais cara. É estranho, e distrai do verdadeiro propósito: apreciar o sushi.

E por falar nele, vamos ao que gostei.
Sem dúvida, sushi irrepreensível em todos os aspectos. As fatias de sashimi eram tão grandes, que quase pensei que eram postas inteiras de peixe! Para além da apresentação ser mais cuidada, o sushi é mesmo bom. Só não consigo decidir se é ou não melhor do que o que servem no Osaka, um outro restaurante japonês na zona do Saldanha, onde já fomos algumas vezes. Nota-se perfeitamente a diferença no sabor. Acho que é do arroz...

O tapete passa junto às mesas, mas este está protegido por um túnel de acrílico, para prevenir contra espirros, tosse, toques indesejados por outras pessoas... uma escolha higiénica, a meu ver bem implementada. Quando o prato que pretendemos passa perto da mesa, desliza-se a portinha para cima, retira-se o prato para a mesa e fecha-se a porta.
Do lado oposto do tapete, estão os funcionários, a preparar a comidinha que tanto gostamos, e a abastecer o tapete, mesmo diante dos nossos olhos. Dá para apreciar a destreza com que montam os hosomaki, os nigiri, temaki, e tudo o mais. Dá fome só de ver.

Tivemos que entrar no restaurante para apanhar uma mesa que desse para 6 pessoas, porque só existem 3 mesas para grupos. Todos os outros lugares sentados são ao balcão, de frente para o tapete.
Por motivos de força maior, um dos casais atrasou-se. Não há problema (pensávamos nós), já estamos sentados, esperamos um bocado.
O senão é que, ali a 20 centímetros, estava a passar sushi do melhor, e nós com água na boca, a salivar.
A isto chama-se tortura. TORTURA!!!
Resistimos durante um bocado, mas depois tivemos de comer qualquer coisa, só para aliviar a ansiedade e aguentar mais um pouco até chegarem os restantes membros do grupo.

Resumindo, é um restaurante para visitar de novo.
Em dias normais, o tapete é mais que suficiente.
Para cometer uma extragavância (por ocasião de um 100º aniversário, 75 anos de casados, ou 1º prémio no €uromilhões), é ir ao Piso 0, pedir uma sala, e comer o que apetecer.

No fim disto tudo, um filmezito do David Lynch: "Lost Highway".
Não conhecia, mas pelos vistos já tem um monte de anos.
E é o que se pode esperar de um filme deste gajo: ver até ao fim, e ficar a perceber o mesmo. Mas gosto deste tipo de filmes, pois dá origem às mais variadas interpretações, e a discussão é animada. Ou seria, não fossem já umas 4 da manhã, e o cérebro estar já a dizer "vai-te mas é deitar, pá!".
Gostei mais deste filme do que do Mulholland Drive. Mas, em defesa desse, os pedaços que vi (aos slides) somava cerca de emtade do filme, portanto não posso emitir nenhuma opinião precisa.


PS:
Esta é uma mensagem especial, dirigida a qualquer serviço secreto que me queira interrogar.
Não se dêem ao trabalho de me dar porrada, arrancar-me as unhas, injectar-me com pentotal de sódio, ou qualquer outra dessas dispendiosas e elaboradas técnicas de tortura.
Ponham um tapete de sushi a passar-me à frente, que eu conto tudo.

2 comentários:

  1. Tou a ver...agora já sei como conseguir TUDO de ti he he he!!!
    Também gostei do Aya...japonês...não me canso de comida japonesa nham nham.

    A repetir, mas sem dúvida menos sofrido, ou seja chegar e comer, não dá para ficar só a olhar...é mesmo tortura.

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  2. Fico contente por ter sido uma experiência positiva.
    O Aya, para mim, é um restaurante muito especial... e sempre que posso dou a conhecer! Posso dizer que a dificuldade é sempre a mesma... como comer descansado sem estar permanentemente a fazer contas de cabeça!

    Desta vez acabou por ser mais o choque inicial, e a malta chegou a abstrair-se das continhas, e a apreciar a comida…:)
    Ao princípio é complicado, mas às tantas começamos a definir um “menu” nosso e sabemos sempre mais ou menos com o que contar.

    Isto não aconteceria se o Aya tivesse um daqueles menus, que é: comer à fartazana e pagar o mesmo… Pois é, mas aí não seria o Aya, com certeza… seria apenas mais um restaurante japonês (que agora aparecem como cogumelos), que nos enchem a barriga de arroz...lol

    hmmm, deixemos o Aya com os seus pratinhos…!

    Resumindo, para mim é sempre bom partilhar um dos meus cantinhos de eleição, mesmo que tenhamos que fazer mais contas que o costume! No fim, acabou por não ser tão dramático e acabamos por gastar no máximo 35€/casal:)

    Quanto à nossa sessão de David Lynch… Igual a si mesmo… muita confusão e muita discussão…:) Confesso que já tinha saudades destes filmes… e desta vez o filme até me pareceu menos confuso do que a primeira vez que o vi! Se calhar o segredo é esse mesmo… depois de ver 10000 vezes, se calhar começa a fazer sentido…!

    Enfim, espero que programas destes sejam frequentes porque fazem-nos muita falta:)

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